Pegadas de dinossauros encontradas na Fazenda dos Pingos, próximo à cidade de Assu, no Rio Grande do Norte, foram os primeiros registros identificados destes animais no estado. Segundo os pesquisadores, elas pertencem a duas espécies diferentes: um saurópode, que tinha entre 9 e 12 metros de altura, e um ornitópode, de aproximadamente oito metros de comprimento.

Ambas espécies eram herbívoras, ou seja, se alimentavam apenas de plantas. A identificação prova que os gigantes habitavam a região há cerca de 120 milhões de anos, no período Cretáceo.

“Foi uma descoberta quase que por acaso. Eu estava com o geólogo Leonardo Menezes e esse lugar era área de trabalho dele. Enquanto ele foi averiguar os dados de sua dissertação, resolvi sair caminhando e duas marcas me chamaram atenção”Maria de Fátima Santos, professora aposentada da UFRN

O momento descrito ocorreu há mais de 10 anos. O registro foi feito com uma máquina fotográfica analógica. Desde então, houve tentativa de identificação do material. A pesquisadora decidiu então enviar as imagens ao italiano Giuseppe Leonardi, uma das maiores referências em vestígios de dinossauros no mundo, do Instituto Cavanis de Veneza.

“Ele disse ‘Fátima, se fosse em outra bacia sedimentar onde já se tenha registro de pegadas, eu diria que essas também são. Mas por se tratar de uma primeira ocorrência, eu aconselho a buscar mais’. E foi o que fiz”, conta. Leonardi chegou a vir ao Brasil para ajudar na localização dos rastros dos gigantes, o que foi possível com a ajuda de um grande conhecedor da região, identificado como “senhor Pantaleão”. Pessoalmente, não houve mais dúvidas sobre a descoberta.

Dentre as características dos dois seres pré-históricos, os saurópodes são facilmente reconhecidos por seu longo pescoço. Já os ornitópodes tinham patas muito semelhantes às de aves.

Fósseis de dinossauros já haviam sido identificados na Bacia Potiguar, mas no lado cearense da formação geológica. As pegadas comprovam a presença dos animais mesmo que fósseis ainda tenham sido achados no estado. Isso é possível graças à paleoicnologia, que estuda os traços de atividades produzidas por organismos que se extinguiram.

 

 

 

Sobre o autor

Matérias relacionadas

DEIXE UMA MENSAGEM