O ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou, em entrevista à Revista Veja, que teve encontros com membros de grupos do setor político, empresarial e militares que estavam insatisfeitos com os rumos do país no governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Segundo o jurista, sua atuação foi fundamental para pôr panos quentes numa insatisfação que se avolumava.

Sem dar detalhes, Toffoli afirmou que um grupo de parlamentares resolveu tirar da gaveta um projeto que previa a implantação do parlamentarismo ao mesmo tempo em que um dos generais próximos ao presidente chegou a consultar um ministro do Supremo para saber se estaria correta a sua interpretação da Constituição segundo a qual o Exército, em caso de necessidade, poderia lançar mão das tropas para garantir “a lei e a ordem”.

“O Supremo deve ter esse papel moderador, oferecer soluções em momentos de crise. Estávamos em uma situação de muita pressão, com uma insatisfação generalizada. Mas o pacto funcionou. A reforma da Previdência foi aprovada, as instituições estão firmes. Agora o grande desafio é o país voltar a crescer”, disse o ministro.

Sem querer dar dar exemplos de quem motivou movimentos de insurgência contra Bolsonaro, Toffoli admite que o início do governo foi conturbado, mas que tem tudo para colher bons frutos nos próximos anos. “Não é incomum que a autoridade de um presidente da República seja posta em xeque, testada logo no início do governo. E foi o que aconteceu. O presidente Bolsonaro também recorreu às ruas para reafirmar sua autoridade. Isso causou algum tipo de estranhamento. Tive várias conversas com parlamentares e meu foco foi sempre reforçar que o presidente foi legitimamente eleito, tem a respeitabilidade de quem recebeu 57 milhões de votos e seus projetos e programas precisam ser vistos com esse potencial. Foi uma mudança radical de perfil”, declarou.

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