O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, tem realizado buscas em seu gabinete com a desculpa de executar um “procedimento de rotina”. Auxiliares da segurança do general fizeram uma varredura em busca de grampos nas salas do gabinete da Vice-Presidência, no anexo do Palácio do Planalto, e no Palácio do Jaburu.

Pela primeira vez, Mourão entrou na mira da ala ideológica e dos evangélicos quando deu uma declaração favorável ao aborto. A “traição” do vice à plataforma dos conservadores se deu em uma entrevista ao jornal O Globo , em fevereiro.

Ao ser questionado sobre os temas de gênero que poderiam ser tratados pelo governo, o vice disse que o “aborto deveria ser uma decisão da mulher”. A mudança de tom em relação à campanha é lembrada com irritação por quem hoje o critica.

Mourão dava sinais em outra direção durante o período eleitoral: admitiu a hipótese de um presidente dar um “autogolpe” com o apoio das Forças Armadas; afirmou que uma nova Constituição poderia ser redigida sem, necessariamente, passar pelo Congresso; criticou o 13º salário; e incorreu no preconceito ao dizer que o povo brasileiro havia herdado a “indolência” dos índios e a “malandragem” dos africanos.

Na época, Bolsonaro precisou ir a público amenizar as declarações do companheiro de chapa. Os adversários de Mourão também acusam o vice-presidente de seguir os passos de Michel Temer, que atuou nos bastidores pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016.

Segundo o núcleo ideológico, o sinal mais claro das supostas más intenções do vice, seria o entusiasmo de Mourão em desautorizar o presidente em todas as suas colocações, no intuito de minar sua autoridade.

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