O candidato à Presidência pelo PT, Fernando Haddad, disse que a trajetória alta nas pesquisa de intenção de voto – 16% segundo última pesquisa Datafolha – não se deve apenas ao apoio do presidente Lula, mas ao projeto que o partido oferece.

Haddad falou  em entrevista ao ao Jornal da Globo, na madrugada desta quinta-feira (20),  que Lula encara o projeto como ninguém, mas a sua alta nas pesquisas não é um efeito de transferência de votos porque se fosse haveria para todo lugar.

“Não vou negar que a liderança dele [Lula] é mundial. Eu tenho orgulho de contar com a confiança dele. Penso que o PT tem muita força no país”, disse o candidato.

O ex-prefeito de São Paulo voltou a falar da necessidade da reforma bancária no país e da criação de alternativas para aumentar a concorrência para abaixar os juros. “Nós temos um sistema anômalo de bancos que concentram 80% do crédito”, explicou.

O candidato culpou os juros como um dos responsáveis pela “mortalidade do emprego” porque as empresas não conseguem honrar os compromissos com os bancos que cobram taxas de juros muito superiores que as do mercado.

Haddad ressaltou que no seu governo os bancos que cobrarem mais juros, vão pagar mais impostos e as instituições financeiras públicas não vão ser tratadas diferente.  “Ele  [banco] vai ter a ganância reduzida em tributos, vai ter que colocar a taxa para baixo”, enfatizou o candidato.

O presidenciável também negou que tenha alterado seu plano de governo com a inclusão do programa “Dívida Zero” para tirar votos de seu adversário Ciro Gomes (PDT) que tem como  uma das suas principais promessas de campanha o “Nome Limpo”. Nos dois projetos, os candidatos propõem criar linhas de crédito para as pessoas que estão endividadas retirarem seus nomes negativados dos SPC/Serasa.

Segundo Haddad, o programa do PT é diferente do apresentado por Ciro. “Se não propor uma reforma bancária, não vai resolver o problema a médio e longo prazo. Vai tirar as pessoas do SPC e voltar em menos de um ano porque o estrutural não vai ter resolvido, queremos uma reforma bancária”, explicou.

Sobre segurança pública, o ex-prefeito defendeu a distribuição de competências e uma federalização da segurança porque os crimes se nacionalizaram, como no caso das facções criminosas. “O prefeito tem que participar do planejamento e governo não gosta de ouvir. Eu como prefeito não tinha acesso ao comando da PM”, disse.

Perguntando sobre a crise na Venezuela, Haddad disse a resposta é muito complexa porque o país vizinho não vive um processo de normalidade com contestação de eleições e conflito. “O papel do Brasil não é tomar partido, mas atuar junto com organizações internacionais para buscar a mediação”.

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