Uma cena impensável até outro dia, e para perplexidade geral, marca o País na proximidade das festas de mais uma passagem de ano. Políticos, ex-ministros, empreiteiros, doleiros, gestores públicos, ex-dirigentes da Petrobras, todos fisgados pela Lava Jato, continuam atrás das grades. São quadros históricos de Brasília, nomes até então tido como intocáveis, que caíram na malha fina da grande investigação. Muitos já estão condenados, pegaram penas severas, outros estão prestes a receber o veredicto.

Integram esse rol o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB), dois ex-presidentes da Câmara, Eduardo Cunha e Henrique Alves, ambos também peemedebistas, o ex-ministro Geddel Vieira Lima, o ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, ex-diretores e gerentes da estatal petrolífera, como Jorge Zelada e Renato Duque, o empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, ex-deputados, como André Vargas (ex-PT/PR), ex-senadores, como Gim Argello (PTB/DF). E por aí vai.

A lista é extensa.

Na sexta, 22, chegou lá Paulo Maluf. Emblemático nome da política, condenado a 7 anos, nove meses e dez dias por lavagem de dinheiro que teria desviado dos cofres públicos quando exerceu o mandato de prefeito de São Paulo, ele está entrando na Papuda, onde já estão o ex-senador Luiz Estevão, quase 30 anos de pena por desvios de dinheiro das obras do Fórum Trabalhista de São Paulo, e o ex-ministro Geddel Vieira Lima, este o homem do famoso bunker de R$ 51 milhões em dinheiro vivo.

Alguns chegaram lá em 2015, como Vaccari Neto, capturado em abril daquele ano. Ele vai passar o seu terceiro Natal atrás das grades, no Complexo Médico Penal de Pinhais, arredores de Curitiba, base e origem da Lava Jato.

Outros estão recolhidos há menos tempo. Por exemplo, Aldemir Bendine, ex-presidente da Petrobras, que chegou em julho, alvo da Fase Cobra da Lava Jato. É o seu primeiro Réveillon lá.

Em setembro de 2016, chegou Antônio Palocci, capturado na Omertà. Um mês depois, passou a fazer companhia ao grupo Eduardo Cunha. Mais um mês adiante, novembro de 2016, foi a vez de Sérgio Cabral, que governou o Rio por oito anos sucessivos e agora já acumula penas de 87 anos de cadeia – a ele impostas pelos juízes federais Sérgio Moro e Marcelo Bretas.

Assim, Cunha e Cabral – o primeiro na cadeia de Curitiba, o outro no Rio – experimentam o segundo Natal confinados.

Henrique Alves, que até ministro foi, é alvo de duas missões de uma só vez, a Operação Manus e a Operação Sépsis, que vieram na esteira da Lava Jato.

Na Custódia da Polícia Federal em São Paulo estão os irmãos Joesley e Wesley Batista, da JBS/J&F. Chegaram em setembro, acusados de usar informações privilegiadas de suas próprias delações premiadas para auferir ganhos milionários no mercado financeiro. Ricardo Saud, executivo do grupo, também vai passar o Natal e a virada para 2018 na cadeia, mas no caso dele em Brasília.

Muitos já passaram por lá, mas, graças a decisões judiciais – a maioria pelas mãos do ministro Gilmar Mendes, do Supremo -, conseguiram sair da prisão ou pegaram regime domiciliar. É o caso dos ex-governadores Garotinho e Rosinha, do ‘Rei do Ônibus’ Jacob Barata Filho, do ex-bilionário Eike Batista, da mulher de Sérgio Cabral, Adriana.

No último dia 19, o empreiteiro Marcelo Odebrecht – depois de quase mil dias recolhido – deixou o Complexo de Pinhais. Preso em 19 de junho de 2015, ele passou dois réveillons atrás das grades. Agora, vai ficar em casa os próximos dois anos e meio, com tornozeleira eletrônica. Faz parte do acordo de delação premiada que fez.

Assim como Palloci e Léo Pinheiro, Odebrecht confessou ter cometido crimes. A maior parte dos outros encarcerados nega.

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