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O Ministério da Fazenda projeta que a sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, terá um impacto concentrado em setores específicos e influenciará pouco a projeção de crescimento do PIB, que agora está estimada em 2,5%. Guilherme Mello, secretário de Política Econômica, indicou que pode haver uma realocação da produção para outros mercados ou um aumento da oferta de produtos como café e suco de laranja no mercado doméstico, devido à maior dificuldade de exportação.

Mello explicou que setores com produtos tecnologicamente mais avançados e demanda específica podem sofrer mais, mas que a diversificação da pauta exportadora e dos parceiros comerciais do Brasil o torna menos dependente da economia americana do que no passado. Ele ressaltou que, embora haja um impacto macroeconômico, ele não seria tão relevante quanto seria se ocorresse há 20 anos.

O impacto regional não será homogêneo, com estados como São Paulo e Espírito Santo tendendo a sofrer mais, pois São Paulo tem os Estados Unidos como seu principal parceiro comercial de exportação. Mello espera que essa situação mobilize os setores produtivos e governos estaduais a buscarem soluções.

Quanto à inflação, o secretário evitou projeções em uma análise preliminar devido ao “elevado grau de incerteza”, mas destacou a necessidade de monitorar o efeito da guerra comercial sobre o câmbio. O dólar apresentava alta no momento da análise.

Por outro lado, Mello apontou “potenciais vetores deflacionários”, como o aumento da oferta de produtos no mercado doméstico e o alívio na inflação de alimentos. Ele citou que produtos como carne, café, suco de laranja e pescados, que enfrentam maior dificuldade de exportação para os EUA, podem ter maior oferta no mercado interno, gerando efeitos deflacionários em itens que têm pressionado a alimentação.

Atualmente, produtos importados pelos EUA do Brasil são sobretaxados em 10% desde 2 de abril, além das tarifas de importação já cobradas. Essa alíquota adicional de 10% será substituída pela de 50% a partir de 1º de agosto. A sobretaxa não se aplica a produtos que já sofrem tarifas setoriais, como aço e alumínio.