Após a disputa pela Prefeitura de São Paulo, a deputada Tabata Amaral (PSB) voltou à rotina na Câmara dos Deputados, onde se envolve na aprovação de um projeto que proíbe o uso de celulares nas escolas. A parlamentar, que recebeu 9,9% dos votos (mais de 605 mil) no primeiro turno da eleição, critica a gestão da educação sob Ricardo Nunes (MDB), reeleito na capital.

Em entrevista à Folha, Tabata expressa preocupação com a recente parceria público-privada (PPP) para a construção e administração de 17 escolas estaduais, temendo que a entrada do setor privado ultrapasse a gestão administrativa e interfira na pedagogia.

“Eu mantive minha atuação parlamentar durante a campanha, por responsabilidade com as mais de 600 mil pessoas que votaram em mim”, afirma a deputada, que se destacou na campanha ao mencionar seu papel como autora do programa Pé de Meia, que estabelece uma poupança para estudantes do ensino médio na rede pública.

Proibição de Celular nas Escolas

Na quarta-feira (30), um projeto de lei que proíbe o uso de celulares nas escolas por estudantes foi aprovado na Comissão de Educação, com apoio de deputados de diversas correntes políticas. Tabata concorda que, embora a proibição não seja uma solução definitiva, é uma medida necessária para manter a atenção dos alunos e mitigar os impactos do uso excessivo de telas na saúde mental.

“A retirada do celular em sala de aula, exceto para fins pedagógicos, é muito importante”, defende, ressaltando a urgência de um debate corajoso sobre o tema.

Educação Municipal sob Nunes

Tabata também critica a gestão de Ricardo Nunes, apontando que a cidade caiu 19 posições no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) desde o início da administração de Bruno Covas (PSDB), agora chegando ao 21º lugar. “Se a gestão continuar, será que vamos cair para a 27ª posição? Isso não é apenas um número, são crianças que chegam ao terceiro ano sem saber ler”, lamenta.

Ela atribui a responsabilidade à gestão atual, que, segundo ela, enfrenta escândalos de corrupção e problemas estruturais nas escolas. “A culpa não é dos professores, mas sim de uma administração ineficiente”, afirma.

Preocupações com as PPPs e a Educação

Tabata expressa temor com a possibilidade de que a entrada do setor privado nas escolas possa afetar as diretrizes pedagógicas. Ela critica o leilão realizado pela gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos) para terceirizar a construção e manutenção de escolas, apontando que isso pode abrir precedentes perigosos.

“A participação do setor privado deve ser transparente e limitada à infraestrutura, não à pedagogia”, enfatiza. Ela observa que países com educação pública de qualidade, como Canadá e Finlândia, não delegam a gestão pedagógica ao setor privado.

A deputada conclui que, embora não seja dogmática contra parcerias, monitorará de perto qualquer possibilidade de interferência na educação pública. “Vou estar atenta a esse processo”, assegura.