O ex-presidente da empreiteira OAS, Léo Pinheiro afirmou, em delação premiada recentemente homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que o líder do governo Bolsonaro no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), teria recebido propina da empresa, em troca de liberação de recursos do extinto Ministério da Integração Nacional e também por obras do governo de Pernambuco.

De acordo com reportagem do jornal O Globo, Léo Pinheiro relata que o valor repassado a Bezerra correspondia a 2% do valor das obras.

Bezerra foi alvo de operação da Polícia Federal (PF) no último dia 19, autorizada pelo ministro do Supremo Luís Roberto Barroso. Ele é suspeito de receber propina durante sua gestão como ministro da Integração, no governo da ex-presidente Dilma Rousseff.

Ainda inéditas, as declarações de Léo Pinheiro devem servir para complementar investigações da PF. A delação foi homologada no início do mês pelo ministro Edson Fachin.

Por meio de nota, a defesa do senador informou que não teve acesso ao teor da delação e que a palavra de Léo Pinheiro, “isoladamente”, não permite sequer o recebimento de denúncia.

O ex-presidente da OAS diz que participou de um jantar com Bezerra, no início de 2008, organizado por um lobista de Pernambuco, para que fosse apresentado ao seu operador financeiro, o publicitário André Gustavo Vieira.

À época, Bezerra era secretário de Desenvolvimento Econômico do governo de Pernambuco, comandado então por Eduardo Campos (PSB), que morreu em 2014 em um acidente de avião.

Nesse jantar, ficou estabelecido que a interlocução com Bezerra, inclusive para pagamento de propina, seria feita através de André Gustavo.

A OAS teve, nesse período, diversos contratos de obras no Porto de Suape, em Pernambuco, como a construção de um píer petroleiro e a duplicação de uma rodovia.

Léo Pinheiro relatou que esses contratos renderam pagamentos de propina a integrantes do governo de Pernambuco. Do valor das obras, segundo o ex-presidente da OAS, um percentual de 2% foi repassado a Bezerra em forma de propina, por meio de André Gustavo.

Ainda sobre o governo de Pernambuco, o ex-presidente da OAS afirma que Bezerra indicou duas empresas para firmarem contratos fictícios, a fim de que a empreiteira fizesse repasses, por meio de caixa dois, à campanha de Eduardo Campos, em 2010.

Léo Pinheiro afirma que foi o próprio Fernando Bezerra quem o orientou a retirar R$ 6 milhões do orçamento da obra da Refinaria Abreu e Lima, da Petrobras, para direcionar os recursos à campanha de Campos.

Léo Pinheiro ainda diz que, já na condição de ministro, Bezerra teria recebido propina da obra do canal do Sertão, executada com recursos do governo de Alagoas e do Ministério da Integração Nacional.

A intenção dos pagamentos a Bezerra, conforme Léo Pinheiro, era obter a liberação dos recursos do ministério necessários para tocar a obra. O delator afirma que esse acerto de propina com Bezerra foi feito por Elmar Varjão, que era o diretor da OAS no Nordeste.

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