RenovaBR —grupo de capacitação de novas lideranças criado em 2017— terá 120 participantes disputando a eleição em outubro. A maioria deles é filiada a quatro partidos: Rede (20 pessoas), Novo (15), PPS (14) e PSB (13).

Defensora de renovação política, a organização aparecerá nas urnas espalhada por 22 legendas. Das principais siglas em atividade no país, só o PT não tem representante no rol de apoiados pelo programa.

A iniciativa, bancada com doações privadas, ofereceu cursos e preparação ao longo de seis meses para 133 pessoas de todos os estados (exceto Paraíba). Beneficiados receberam bolsas de R$ 5.000 a R$ 12 mil, a título de ajuda de custo, para que pudessem abrir mão do emprego durante o período das atividades. Alguns dispensaram a verba.

Para o empresário Eduardo Mufarej, idealizador do projeto e um de seus principais financiadores (não diz valores), a distribuição dos candidatos demonstra quais partidos se mostraram mais abertos à entrada de novos quadros.

Sobre a ausência do PT, ele diz não saber “responder precisamente” as razões. “A gente teve muitos partidos. Inclusive partidos mais à esquerda do que o PT. No caso do PT, foi um baixo volume de inscritos.”

O processo seletivo recebeu mais de 4.000 inscrições. Nem todos os interessados em disputar cargo público chegaram ao Renova já filiados. Muitos aderiram às siglas depois.

Na época da seleção, o PSTU chegou a anunciar que expulsaria integrante que aceitasse ser ajudado pelo grupo. A lista inicial de inscritos tinha um membro da legenda marxista, mas sua direção veio a público rechaçar laços com “milionários membros da burguesia”, como classificou os empresários ligados ao movimento.

A relação final não conta com o PSTU, mas inclui partidos do campo da esquerda como PSOL, PC do B e PDT.

Um dos critérios para a entrada no grupo era que o membro estivesse longe de posições extremistas e que demonstrasse ter compromisso ético e aversão à corrupção.

Dos 120 candidatos, 119 disputam vagas nas Assembleias e no Congresso. Um deles, Milton Andrade (PMN), concorre ao governo de Sergipe.

“A gente não enxerga como uma bancada. Não é uma meta nossa”, afirma Mufarej. Embora o fundador rejeite a nomenclatura, há a expectativa de que membros eventualmente eleitos busquem manter pontes entre si no Congresso.

“Apesar de pertencerem a campos políticos diferentes, eles estão lutando pelas mesmas coisas. Têm um sentimento de unidade grande”, diz ele.

Se as ideologias podem ser distintas, Mufarej não fala o mesmo sobre os princípios dos selecionados. Eles foram escolhidos em uma peneira que incluiu longas entrevistas, análise da ficha corrida e testes de integridade.

“A sensação é que vamos ter a melhor safra de candidatos da história do Brasil, do ponto de vista de formação e intenções”, afirma o empresário.
Homens dominam

Os homens são maioria na lista (75%). O número de mulheres inscritas, diz o Renova, ficou abaixo do esperado.

O Sudeste é a região com mais representantes. São Paulo (20%) e Rio (11%) são os estados que aparecem no topo.

Entre os candidatos a deputado federal estão o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero (PPS-RJ), o servidor público Kayo Amado (Rede-SP), a engenheira Juliana Cardoso (PR-SP), o empreendedor Vinicius Poit (Novo-SP), o advogado Fabricio Cobra Arbex (PSDB-SP) e a cientista política Tabata Amaral (PDT-SP).

Os participantes foram assistidos pela entidade até junho. O grupo tinha a preocupação de encerrar a formação antes do período eleitoral para evitar a acusação de praticar financiamento privado de candidaturas, que é proibido.

Mufarej diz que ouviu agradecimentos de integrantes que, sem o apoio, teriam desistido de lançar a candidatura

Ele evita fazer previsão sobre o percentual de eleitos. “Temos o desafio de eleger bons representantes e sabemos de todas as dificuldades, mas por falta de candidatos não será.”

Luciano Huck, que quase foi candidato a presidente da República, se tornou o principal garoto-propaganda do Renova. O apresentador de TV costuma citá-lo como um dos movimentos cívicos apoiados por ele, em sua jornada para se engajar politicamente.

Disposto a ser um “programa permanente de liderança”, o grupo abriu há alguns dias inscrições para a turma de 2019. São procuradas, de acordo com o site, pessoas com “vocação para mudar o país”.

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