A Operação Caixa 3, deflagrada nesta sexta-feira (22) pela Polícia Federal, analisa a doação de R$ 17,5 milhões pela cervejaria Itaipava, do grupo Petrópolis, à campanha de Dilma Rousseff nas eleições de 2014.

Investigadores suspeitam que o valor pode estar ligado a fraudes contratuais em dois empréstimos obtidos pela empresa, de mais de R$ 300 milhões cada, junto ao Banco do Nordeste (BNB).

A PF afirma que a garantia dada em um dos empréstimos foi substituída de forma indevida, quebrando normas internas do banco, o que pode configurar crime de gestão fraudulenta.

Os empréstimos foram contraídos para a construtora Odebrecht erguer duas fábricas da cervejaria na Bahia e em Pernambuco.

Entenda a operação
A Operação Caixa 3 é um desdobramento da Lava Jato e tem como base depoimentos de delatores da Odebrecht.

Segundo os delatores, parte dos recursos usados para construir as fábricas da cervejaria foi utilizada para alimentar um suposto esquema montado pela construtora e pela Itaipava, batizado, segundo o PF, de “Caixa 3”.

A expressão Caixa 3 foi cunhada pelo ministro Herman Benjamin durante o processo que tramitou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e que pedia a cassação da chapa Dilma-Temer (o pedido de cassação foi rejeitado por 4 votos a 3).

Enquanto caixa 2 é a contribuição “por fora”, explicou Benjamin na ocasião, o “caixa 3” usa empresas para lavar dinheiro, uma espécie de caixa 2 indireto.

Versões
Procurado, o advogado Flavio Caetano, coordenador jurídico da campanha de Dilma, afirmou que a cervejaria já esclareceu que trata-se de uma doação legal e voluntária.

Segundo Caetano, quem recebe doações de campanha faz uma análise para ver se a empresa é idônea, se não é vedada, ou seja, se pode doar.

“Uma cervejaria, por exemplo, pode fazer a doação. O que a lei exige é o que a campanha exigiu e é o que foi cumprido”, afirmou.

“Essa foi uma doação absolutamente legal, importante, e isso já foi esclarecido tanto no processo do TSE, quanto na prestação de contas”, completou.

O Grupo Petrópolis afirmou, em nota, estar à disposição para qualquer esclarecimento, a fim de auxiliar nas investigações e elucidar os fatos.

Segundo o grupo, todas as doações eleitorais da empresa foram feitas de maneira legal e estão devidamente registradas nos órgãos competentes.

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