Chuvas no Rio Grande do Sul devastam o Estado, provocando mortes e o deslocamento de populações Redação 7 de maio de 2024 Destaque, Notícias, Tempo, Tragédia, ultimas notícias, ÚLTIMAS NOTÍCIAS São 336 municípios do Rio Grande do Sul em estado de calamidade, provocando uma tragédia que já somava 83 mortos, 105 desaparecidos e 175 feridos, até esta segunda-feira, 6/5. Em dez dias choveu no Rio Grande do Sul cerca de um quarto do esperado para um ano – entre 24 de abril e 4 de maio foram 420 mm de chuva, enquanto a média do Estado fica em torno de 1.500 anuais.Quase um milhão de imóveis ficaram sem água e seis barragens, em várias regiões do Estado, estão em situação de emergência. A maior parte dos moradores das cidades atingidas, inclusive a capital Porto Alegre, teve que sair de suas casas, abrigando-se em locais públicos, casas de famílias e de amigos. Equipes de resgate, com aviões e helicópteros, voavam continuamente por várias regiões do Estado resgatando moradores isolados pelas águas. Drones eram utilizados para identificar locais e famílias que necessitam de socorro.“Precisamos de um Plano Marshall* para recuperar o Estado”, declarou o governador do RS, Eduardo Leite. A situação ficou tão grave que motivou duas visitas ao Estado do presidente Luís Inácio Lula da Silva, a segunda das quais acompanhado por uma ampla comitiva de ministros e os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas, o vice-presidente do STF, Edson Fachin, e representantes das Forças Armadas.IMPACTOS“É um desastre que se colocaria, sem exagero, no rol de um grande terremoto”, disse ao Jornal da USP o professor Pedro Luiz Côrtes, do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo. “As enchentes afetam o Estado de formas tão abrangentes e intensas que é possível fazer essa comparação”, acrescenta.A necessidade de reconstrução é praticamente total, porque todos os principais recursos de que o Estado e a população podem dispor foram comprometidos no seu todo ou em grande parte”, aponta Côrtes. A começar pela infraestrutura do transporte. Na sua visão, além da dificuldade de locomoção, evacuação dos locais e resgate de vítimas, a segurança alimentar e energética são dificuldades consequentes. Sem meios de levar comida e energia, a fome, a distribuição de combustível e a impossibilidade de recuperar a rede elétrica se tornam problemas também.Para Côrtes, a saúde é mais um ponto preocupante de atenção. “Mesmo as cidades que não tiveram o fornecimento de água comprometido, mas que sofreram com alagamentos, podem ter contaminação das redes de distribuição de água. Infelizmente, isso pode ampliar as doenças de veiculação hídrica, como é o caso da hepatite e da leptospirose, por exemplo”. Não havia enchentes da grandeza da ocorrida na semana passada no Rio Grande do Sul desde 1941, que na época registrou picos de 4,76 metros. A da semana passada atingiu 5,31 metros.