Em pronunciamento em rede nacional de televisão e rádio exibido na noite de ontem (24), o presidente da República, Jair Bolsonaro, pediu a reabertura do comércio e das escolas e o fim do “confinamento em massa”.

A declaração do presidente vai de encontro à recomendação da Organização Mundial de Saúde, que defende que o isolamento social tem sido a ação mais eficaz até o momento para diminuir a transmissão do novo coronavírus.

Medidas como o fechamento de comércio e escolas têm sido utilizadas em todo o mundo. No Brasil, as iniciativas são adotadas por determinação dos governos estaduais e municipais. A Covid-19 já deixou 46 mortos no país e 16.231 no mundo.

Durante o pronunciamento de Bolsonaro, houve panelaço em todas as regiões do país, inclusive em Salvador.

“Algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada, a proibição de transportes, o fechamento de comércio e o confinamento em massa. O que se passa no mundo tem mostrado que o grupo de risco é o das pessoas acima de 60 anos. Então, por que fechar escolas?”, declarou Bolsonaro.

A medida de fechamento de escolas tem sido adotada como um dos medida de prevenção, a fim de promover isolamento social, já que crianças e jovens são considerados “vetores” de propagação do vírus aos mais velhos. A OMS também já registrou mortes de crianças no mundo.

O presidente também afirmou que o coronavírus “brevemente passará” e afirmou que a vida “tem que continuar”:

“O vírus chegou. Está sendo enfrentado por nós e brevemente passará. Nossa vida tem que continuar. Os empregos devem ser mantidos. O sustento das famílias deve ser preservado. Devemos, sim, voltar à normalidade”, declarou o presidente.

Sem citar nenhum dado que comprove sua declaração, Bolsonaro disse que seriam “raros” os casos de vítimas fatais entre pessoas com menos de 40 anos “sãs”.

“Raros são os casos fatais de pessoas sãs com menos de 40 anos de idade. Noventa por cento de nós não teremos qualquer manifestação caso se contamine. Devemos sim é ter extrema preocupação em não transmitir o vírus para os outros, em especial aos nossos queridos pais e avós”, disse o mandatário.

Diferentemente da fala do presidente, estudo da Escola de Saúde Pública da Universidade Columbia, de Nova York, aponta que os portadores sem sintomas são responsáveis por dois terços das infecções. Conforme publicação dos pesquisadores, os assintomáticos são seis vezes mais numerosos e, mesmo com propensão menor a infectar outros, se tornam o “motor” que move a epidemia.

No pronunciamento, Bolsonaro ainda elogiou o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, dizendo que ele está fazendo um “excelente trabalho de esclarecimento e preparação do SUS”.

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