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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou nesta sexta-feira (21) que o projeto de lei do governo que isenta do Imposto de Renda aqueles que ganham até R$ 5.000 por mês tem grandes chances de ser aprovado pelo Congresso. No entanto, ele reconheceu as dificuldades em compensar a perda de arrecadação decorrente dessa medida.

“Vai passar. O problema não é a medida em si, tanto é que todo mundo prometeu. O presidente Lula está cumprindo. O antecessor dele prometeu e não mandou. Por quê? A dificuldade é fazer quem não paga pagar para compensar”, afirmou Haddad em entrevista ao podcast Inteligência Ltda.

Na terça-feira (18), o governo Lula apresentou ao Congresso a proposta de criação de um imposto mínimo, que será cobrado de pessoas com ganhos a partir de R$ 600 mil anuais (equivalente a R$ 50 mil mensais). A alíquota será progressiva, chegando até 10% para aqueles que ganham a partir de R$ 1,2 milhão ao ano.

Haddad ressaltou que a isenção é bem aceita pela população e, portanto, será complicado para os deputados se posicionarem contra na Câmara. “Foi promessa do Bolsonaro. Ele só não cumpriu, mas prometeu. Ou seja, vai ser muito difícil para o PL, que é o partido do Bolsonaro, votar contra”, disse o ministro. Ele também enfatizou que a compensação é necessária para evitar consequências negativas como inflação.

O imposto mínimo proposto visa atingir cerca de 141,4 mil contribuintes pessoas físicas de alta renda que atualmente pagam uma alíquota efetiva média de apenas 2,5% sobre seus rendimentos. “Vamos chegar a 20 milhões de pessoas isentas. Do outro lado, são 140 mil pessoas que hoje não pagam nem 10% de imposto de renda, enquanto uma professora de escola pública paga 10%”, destacou Haddad.

Ele questionou: “Se ela paga 10%, por que um super-rico não paga? Se ele paga 3%, ele complementa 7 [pontos]. Se ele paga 14%, a lei não o afeta”.

Além disso, o ministro mencionou a nova linha de crédito consignado para trabalhadores formais, lançada nesta sexta-feira pelo governo Lula. Batizada de Crédito do Trabalhador, essa modalidade permite empréstimos com juros mais baixos do que os praticados pelo mercado, utilizando o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) como garantia.

“O empregado com vínculo formal pode procurar vários bancos para obter um empréstimo consignado. No passado, essa foi uma das iniciativas que mais impulsionaram a economia”, comentou Haddad.

A participação do ministro no podcast Inteligência Ltda., que conta com cerca de 5 milhões de inscritos no YouTube, marca sua segunda aparição em um podcast neste mês, em um momento em que o governo Lula enfrenta baixa popularidade. Há duas semanas, Haddad participou do Flow.

A formalização do projeto de isenção do Imposto de Renda ocorre quase quatro meses após seu anúncio e coincide com outras medidas voltadas para beneficiar a classe média, como o consignado para trabalhadores da CLT e a liberação do saldo do FGTS para aqueles demitidos que ainda não conseguiram sacar seus fundos.