O presidente Lula (PT) disse nesta terça-feira (23) que seu governo não tem problemas de relacionamento com o Congresso Nacional, apesar da série de embates nos últimos dias, e afirmou que os episódios recentes são “coisas normais da política”.
 

“A gente não vai viver em uma eterna briga. Porque se você optar pela briga não aprova nada. O país é prejudicado, vamos conviver com todo mundo”, afirmou Lula.
 

O presidente se recusou a relatar os termos tratados no encontro que teve na noite de domingo (21) com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Relatou que se tratou apenas de uma “conversa” e não de uma “reunião”.
 

Lula participou na manhã desta terça-feira de um café da manhã com jornalistas que cobrem a Presidência da República, no Palácio do Planalto. O mandatário foi então questionado sobre a relação do governo e dele próprio com o presidente da Câmara.
 

“Eu sinceramente não acho que a gente tenha problema no Congresso. A gente tem situações que são as coisas normais da política. Vamos só lembrar um número. Nós temos 513 deputados e meu partido só tem 70. Nós temos 81 senadores e o meu partido só tem 9”, afirmou o presidente, comentando que seu governo não tem maioria no Congresso.
 

O presidente havia recebido Lira para uma conversa no Palácio da Alvorada na noite de domingo (21), em um evento fora da agenda de ambos. O encontro aconteceu após dias de turbulência entre o Palácio do Planalto e o Legislativo.
 

Lula foi questionado sobre esse encontro, mas se recusou a revelar os assuntos que foram tratados. Disse que era apenas uma “conversa”. Se fosse uma reunião de trabalho, teria levado os seus líderes no Congresso Nacional
 

“Como é conversa entre dois seres humanos, eu peço a vocês que não sou obrigado a dizer a conversa que eu tive com Lira”, afirmou.
 

Desde que tomou posse, a relação entre o governo federal e Lira foi marcada por altos e baixos, com alguns momentos de distensão. No mais recente, em fevereiro, Lula recebeu ministros palacianos, o presidente da Câmara e líderes de bancada da Casa legislativa para um grande encontro no Palácio da Alvorada.
 

A crise mais recente teve início após a decisão da Câmara de manter a prisão do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco. Apontado como um dos derrotados durante o episódio, Lira disparou contra o Planalto, em particular contra Alexandre Padilha.
 

Em uma entrevista, o presidente da Câmara afirmou que Padilha era um “desafeto” e um “incompetente”, o que causou um mal-estar com o governo, agravando a crise entre os Poderes.
 

Lula reuniu ministros palacianos e líderes do governo na sexta (19), em um almoço de emergência no Palácio do Planalto. O encontro durou quase três horas.
 

Além da briga com Lira, o governo vive um momento delicado com o risco de avanço da pauta-bomba, que pode ter impacto bilionário para as contas públicas. O principal item é a PEC (proposta de emenda à Constituição) que turbina o salário de juízes e promotores, com custo anual de cerca de R$ 40 bilhões.
 

O café de Lula com jornalistas nesta terça é o primeiro deste ano. Em 2023, foram quatro, dos quais a Folha participou de três.
 

Participam do encontro desta terça: Folha de S.Paulo, Estado de S. Paulo, G1, Bloomberg, Valor, Canal Meio, O Globo, BandNews, ICL, Correio Braziliense, Broadcast, Jovem Pan, CBN, Metrópoles, Rádioweb, Reuters, TV Brasil, TV Record, TV Gazeta, My News, Veja, Poder360, UOL, Brasil de Fato, Carta Capital, Jota, DCM, O Tempo, R7, Rede TV, SBT, CNN, Revista Fórum, BBC Brasil, Itatiaia, Meio Norte, GloboNews.