Os Estados Unidos vetaram pela terceira vez, nesta terça-feira (20), um projeto enviado ao Conselho de Segurança da ONU para determinar um cessar-fogo imediato na guerra entre Israel e o Hamas.
 

Treze membros do órgão votaram a favor do texto que havia sido redigido pela Argélia, enquanto o Reino Unido se absteve. Os EUA foram o único país a se manifestar de forma contrária à resolução.
 

A embaixadora de Washington nas Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield, argumentou que o texto da Argélia poderia comprometer “negociações delicadas” em curso. Ela se referia aos diálogos que Washington mantém com autoridades do Egito, do Qatar e de Israel para estabelecer uma nova trégua na guerra em troca da libertação de reféns ainda mantidos em cativeiros na Faixa de Gaza.
 

A resolução redigida pela Argélia não vinculava o cessar-fogo à soltura dos reféns. O texto determinava, de forma separada, o estabelecimento de uma trégua humanitária imediata e a libertação das vítimas, mas autoridades israelenses afirmaram que o Hamas poderia não cumprir a determinação.
 

“Exigir um cessar-fogo imediato e incondicional sem um acordo que obrigue o Hamas a libertar os reféns não trará uma paz duradoura. Em vez disso, poderia prolongar a luta entre o Hamas e Israel”, acrescentou Thomas-Greenfield. Ela já havia sinalizado no sábado (17) que o governo americano vetaria a proposta.
 

“Qualquer ação que este conselho tome neste momento deve ajudar, e não atrapalhar as negociações sensíveis e contínuas. E acreditamos que a resolução que está sendo discutida agora teria, de fato, um impacto negativo sobre essas negociações”, acrescentou a americana.
 

Foi a terceira vez que o governo americano vetou uma resolução de cessar-fogo na guerra. Em outubro do ano passado, os EUA bloquearam uma proposta do Brasil sob a justificativa de que havia ausência de uma afirmação do direito de Israel de se defender.
 

Depois, em dezembro, Washington barrou uma proposta apresentada pelos Emirados Árabes Unidos. “Não apoiamos os apelos a um cessar-fogo imediato”, disse na ocasião Robert Wood, vice-embaixador dos EUA na ONU. “Isto plantaria sementes para a próxima guerra, porque o Hamas não deseja ver uma paz.”
 

Nos bastidores, os Estados Unidos propuseram uma versão alternativa a uma resolução do Conselho de Segurança na qual se opõem a uma invasão em larga escala do Exército de Israel em Rafah, cidade que concentra os deslocados internos pelo conflito, segundo a agência de notícias Reuters.
 

A proposta, embora não se distancie das críticas recentes do governo de Joe Biden à escala de destruição em Gaza, é novidade no Conselho de Segurança, fórum no qual Washington tem blindado Tel Aviv e vetado resoluções que não mencionem o direito de defesa de Israel ou tréguas prolongadas no conflito.
 

O texto preliminar proposto pelos EUA “determina que, nas circunstâncias atuais, uma grande ofensiva terrestre em Rafah resultaria em mais danos aos civis e em seu deslocamento adicional, incluindo potencialmente para países vizinhos”. Israel disse que o prazo para invadir Rafah é dia 10 de março, início do Ramadã, caso o Hamas não solte os mais de cem reféns israelenses e estrangeiros ainda em seu poder.
 

Um alto funcionário do governo Biden afirmou à agência Reuters, porém, que não há pressa em votar a resolução proposta por Washington, que busca continuar com negociações.