No dia 1º de novembro, os caminhoneiros em várias partes do Brasil planejam realizar uma nova greve da categoria. Descontentes com os aumentos dos combustíveis e com as propostas do governo para o setor, caminhoneiros decidiram manter a paralisação e confirmar sua realização em nota conjunta de representantes da categoria, divulgada nesta quinta-feira, 21.

A ideia do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de criar um auxílio para atender 750 mil caminhoneiros autônomos não foi suficiente para a categoria. O presidente anunciou a medida sem detalhar o valor do benefício, fonte dos recursos, nem tempo de duração do apoio.

O preço do combustível subiu 37,25% em agosto na comparação com o mesmo período do ano passado. Por nota, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), o Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNRTC) e a Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Autônomos (Abrava) disseram que “é necessário mudar urgente esse cenário, porque o povo brasileiro não suporta mais essa cadeia consecutiva de aumentos nos combustíveis e gás de cozinha”.

Na última sexta-feira, 22, uma paralisação dos transportadores de combustíveis e de derivados de petróleo em Minas Gerais já atinge 100% dos tanqueiros no Estado, segundo o presidente do Sindtanque-MG, Irani Gomes. As atividades foram interrompidas na madrugada desta quinta-feira (21) e cerca de 800 caminhões estão parados na região metropolitana de Belo Horizonte, sem nenhuma interdição de rodovias ou estacionamentos. São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo também aderiram à paralisação.

O presidente Jair Bolsonaro confirmou nesta quinta-feira, 21, em transmissão ao vivo nas redes sociais, que o benefício oferecido a 750 mil caminhoneiros será de R$ 400. Dessa forma, o governo deve gastar, de acordo com o chefe do Executivo, “pouco mais” de R$ 3 bilhões em recursos dentro do Orçamento.

O presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, uma das principais lideranças do movimento de caminhoneiros do País, criticou duramente as declarações. “Eu acho que foi uma piada que ele (Bolsonaro) fez… ou será de verdade? Isso é uma piada de mau gosto. O caminhoneiro não quer esmola, quer dignidade, quer os compromissos que foram assumidos e que até hoje não saíram do papel”, disse Landim, conhecido entre os caminhoneiros como “Chorão”.

Entre as exigências dos caminhoneiros está uma revisão por parte do governo federal na política de preços praticada pela Petrobras. Outra demanda é a atualização da tabela de Piso Mínimo de Frete, bem como a contratação de um instituto, pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), para realizar estudos e cálculos para reajuste. Nos bastidores do governo federal, por outro lado, as promessas de greve são vistas como ameaças que não serão cumpridas. Ou seja, acreditam que as paralisações não contarão com forte adesão da classe.

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