O antropólogo e escritor Luiz Eduardo Soares afirmou, em entrevista à Rádio Metrópole nesta quinta-feira(1º), que se sentiu “em plena ditadura”, após o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, ter criticado o debate em torno do seu livro, “Desmilitarizar: segurança pública e direitos humanos”, marcado pelo Ministério Público Federal do Rio de Janeiro (MPF-RJ).

“Veja só em que mundo nós estamos. Isso denota o significado intempestivo do livro, que é capaz de chocar o governador e fazer despertar no governador fantasmas de outros tempos. Eu me senti em plena ditadura, com o governador convocando a censura”, declarou Luiz.

No Twitter, Witzel publicou, no último domingo (28), que seria “inaceitável” o MPF do Rio promover “eventos políticos, com claro desvio de suas atribuições institucionais”.

O antropólogo também avaliou que o presidente Jair Bolsonaro foi eleito em um contexto em que as constantes mudanças em conceitos da sociedade, como os de gênero, acabam levando as pessoas à incerteza e à ansiedade. Assim, o povo acaba buscando uma espécie “âncora antológica”, para recuperar as referências passadas, o que provoca regressão.

“Há um apelo difuso por fixação, de uma âncora antológica: é preciso recuperar essas referências, se não vamos ser levados pela tempestade da incerteza e da indeterminação. Isso é muito profundo e inconsciente. O presidente representa a ilusão de que seria possível frear nosso tempo, frear o processo de mudança”, definiu.

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