O ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (MDB) é interrogado nesta sexta-feira (8) em processo que apura ocultação e lavagem de dinheiro na Lava Jato. Na audiência, Cabral admitiu ter movimentado R$ 500 milhões em doações eleitorais, sendo R$ 20 milhões do total para uso pessoal. No depoimento, Cabral disse que “se perdeu” na promiscuidade de doações.

“A promiscuidade (de doações) foi muito grande e foi nessa promiscuidade que me perdi. Usei dinheiro de campanha para fins pessoais. Eu nunca pedi a um empresário que incluísse um percentual qualquer em nenhuma obra ou serviço do meu governo. Garanto isso ao senhor, falo em nome dos meus filhos e do neto que conheci essa semana”, afirmou.

O interrogatório é conduzido pelo juiz Marcelo Bretas.

“Eu pedia dinheiro e campanha sim e era muito dinheiro sim. Em vez de ficar concentrado no meu governo, nas minhas realizações… o poder é algo tão perigoso”. “Eu não soube me conter diante de tanto poder e de tanta força política. E, de maneira vaidosa, quis fazer (eleger) prefeitos, vereadores, usar recursos”, acrescentou.

O depoimento deveria ter ocorrido em fevereiro, quando Cabral estava preso em Curitiba. A defesa, no entanto, alegou cerceamento por conta da distância e ele ficou em silêncio. O ex-governador foi transferido de volta para o Rio após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), assinada por Gilmar Mendes.

Um dia antes da audiência, na quinta, Cabral foi denunciado em outro processo da Lava Jato – a Operação Câmbio Desligo. Ele já é réu em mais de 20 processos e foi condenado em cinco, totalizando mais de 100 anos de prisão.

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