Aliados de Luciano Huck já preparam sua pré-campanha à Presidência. Esperam apenas a confirmação do apresentador de TV para definir os rumos a seguir.

Segundo a Folha apurou, Huck comemorou, de Paris, o bom posicionamento na pesquisa Datafolha publicada nesta quarta (31).

Ele tem 8%, empatado com o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) no pelotão de segundo lugar na disputa em cenário sem Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Huck diz não ser candidato. Seus aliados só viam chance de ele voltar atrás na decisão se Lula estivesse inelegível, já que pesquisas mostram que o apresentador apela ao perfil associado ao do eleitor do petista -no Datafolha ele herdou 8% desse grupo, mas há ainda um terço dele sem candidato.

Isso foi virtualmente garantido pela condenação do petista em segunda instância por corrupção.

Após o Carnaval, receberá uma grande pesquisa nacional, qualitativa e quantitativa, buscando esmiuçar o perfil do eleitorado que está disposto a votar num “outsider” em outubro e também estabelecer seus pontos fracos.

A expectativa de seus aliados é de que ele ao menos sinalize sua intenção internamente, apesar de sua intenção inicial de deixar tudo para abril -quando acaba o prazo legal para o apresentador se filiar a algum partido a tempo de concorrer.

Alguns dos seus apoiadores, notadamente dentro do movimento Agora!, gostariam de ver a situação resolvida logo para poderem associar-se a uma sigla visando a eleição ao Congresso.

Hoje o porto de destino mais provável é o PPS, que tem conversas adiantadas tanto com Huck, que faz parte do Agora!, quanto com integrantes do próprio grupo de fomento à conscientização política na sociedade.

Desde o fim do ano, mantém contato com o marqueteiro Guillaume Liegey, a quem já recebeu em casa.

O francês foi responsável pela estratégia de multiplicação de contatos eleitorais vista como uma das chaves do sucesso da campanha de Emmanuel Macron à Presidência em 2017.

Liegey está no Brasil para conversas com diversos partidos e estabeleceu uma parceria de trabalho no país.

Desde o ano passado, incentivado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e por economistas de relevo como Armínio Fraga, Huck tem se movido como um presidenciável.

Montou uma rede de conselheiros que o municia de análises e também de pesquisas de opinião. Integra um grupo de WhatsApp para discutir esses temas.

Conversou com pessoas do mercado financeiro e políticos, tendo sido abordado pelo Partido Novo, pela Rede e pelo PPS -que está com o passe preferencial por não ser uma agremiação associada a escândalos políticos.

Em novembro, em artigo Folha, descartou a candidatura. Mas protagonizou uma inflexão neste ano.

Gravou participação no “Domingão do Faustão” veiculada no começo de janeiro para falar longamente sobre política ao lado da mulher, a também apresentadora da Globo Angélica.

Todo o discurso que adotou replicou demandas ouvidas nas pesquisas qualitativas que estudou em 2017: a negação de um “salvador da pátria”, a necessidade de “conhecer o povo” etc. Apresentou-se pela primeira vez a seu público em modo presidenciável.

Nesta semana, ele desautorizou em rede social um vídeo que o apresentava como candidato e falava mal de Lula e Jair Bolsonaro, o presidenciável de direita que é visto como rival de Huck para herdar votos não ideológicos órfãos do petista.

Apesar de apócrifa, notou um estrategista de Alckmin, a peça teve grande circulação pelo WhatsApp e pode ter cumprido um papel de divulgação não desprezível.

Os óbices à candidatura não são poucos, a começar pela oposição em casa. Mas o grande obstáculo é o sistema eleitoral, que privilegia grandes estruturas estaduais e tempo de TV farto.

Aos marqueteiros que passaram anos estudando como ultrapassar isso usando as redes sociais, a mudança de critérios de visualização de publicações no Facebook caiu como um raio.

Numa sigla pequena como o PPS, precisaria contar com um desempenho formidável em pesquisas para atrair atores que teoricamente estarão com Alckmin, como o DEM e o PSD -talvez até o MDB.

Se isso ocorrer, contudo, Huck poderia romper a irônica barreira de ser um homem de TV sem tempo nela.

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