Enquanto aumenta os bombardeios na Faixa de Gaza numa preparação para uma ofensiva terrestre, o governo de Israel –assim como os de outros países– vê crescerem os riscos de uma conflagração regional no Oriente Médio.
 

Os movimentos mais recentes foram um ataques de mísseis que atingiram os dois principais aeroportos da Síria neste domingo (22) e um alerta do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, para o Hizbullah de que se o grupo abrir uma nova frente de guerra, levaria “devastação” ao Líbano.
 

Entre as reações a uma possível escalada, o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, avisou que o país não hesitaria em agir para se defender na região. “Se algum grupo ou país tem a intenção de aumentar o conflito e tirar proveito dessa situação infeliz, nosso aviso é: não tentem”.
 

Austin disse ainda que Washington está reforçando as tropas na região com 2.000 fuzileiros navais, dois porta-aviões, sistemas de defesa aéreos e mísseis Patriot.
 

As tentativas de mediação, por outro lado, enfrentam dificuldades, como a da cúpula do Egito, realizada no sábado. Após a troca de críticas e ausências de lideranças expressivas do Ocidente, o encontro fracassou em chegar a uma declaração conjunta para tentar evitar o aumento da violência.
 

Com ao menos 1.400 mortos do lado israelense e mais de 4.800 entre palestinos, a guerra ainda parece distante da conclusão prometida por Netanyahu de aniquilar o Hamas, responsável pelo massacre de 7 de outubro em território israelense.
 

A anunciada entrada por terra em Gaza pelo sul de Israel, precedida pela retirada de comunidades israelenses e por avisos para que palestinos se desloquem para o sul, também arrisca a operação humanitária na fronteira com o Egito, no outro extremo do território.
 

Os 20 caminhões de ajuda humanitária que tiveram entrada autorizada no sábado e os 17 que cruzaram a passagem de Rafah neste domingo estão muito aquém do que se considera necessário para a população estimada de 2,23 milhões de habitantes em Gaza. A ONU tem reiterado pedidos para que Israel permita a entrada de comida, água, medicamentos e de combustível, fundamental para o funcionamento de hospitais –há, por exemplo, 120 crianças em incubadoras correndo risco de morte, segundo o Unicef, devido à falta de combustível.
 

Além do tratamento aos feridos, a falta de energia elétrica e de estruturas com refrigeração para manutenção de corpos tem obrigado palestinos a enterrarem os mortos –muitos já em decomposição ou sem identificação– em valas comuns.
 

Antes da negociação de duas semanas para acertar o envio de ajuda humanitária, a passagem de Rafah havia sido bombardeada. E neste domingo, as Forças de Defesa de Israel (IDF) afirmaram que atingiram acidentalmente um posto de controle no lado egípcio da fronteira. Uma pessoa ficou ferida, sem gravidade, mas o episódio ilustra o cenário delicado da região.
 

Pior ainda segue sendo a situação em Gaza, onde palestinos disseram ter recebido folhetos e mensagens de áudio para deixar o norte do território sob risco de serem identificados como cúmplices e simpatizantes de uma organização terrorista.
 

Na manhã deste domingo, o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, informou que 266 palestinos morreram em decorrência de ataques israelenses nas 24 horas anteriores. Do total, 117 eram crianças.
 

Enquanto os países se organizam para uma possível escalada, os embates acontecem também nos limites dos territórios. O Hizbullah, grupo libanês apoiado pelo Irã –assim como o Hamas– disse que quatro integrantes foram mortos neste domingo em combate com forças israelenses, num total de 24 óbitos desde 7 de outubro. Israel, por sua vez, contou cinco mortes na região no mesmo período.
 

O aumento dos embates levou o estado de Israel a incluir 14 comunidades na fronteira com o Líbano e a Síria em seu plano emergencial de retirada.

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