Enquanto as quase 70 mil pessoas que estiveram no ato a favor do ex-presidente Lula em Porto Alegre – segundo os organizadores – nesta terça-feira (23) aguardavam declarações sobre o julgamento do recurso da sua defesa, Lula deu uma trégua e evitou falar sobre a Justiça. Segundo ele, os advogados já provavam sua inocência.

“Não vou falar do meu processo, da Justiça. Primeiro porque tenho advogados competentes que já provaram a minha inocência, segundo porque eu acredito que aqueles que vão votar deverão se ater ao autos do processo e não das convicções políticas de cada um e terceiro porque estou na luta há 40 anos e vocês sabem da minha essência”, discursou Lula.

O ex-presidente usou o ato para falar em tom eleitoral. Criticou a imprensa e “os candidatos que a direita tenta inventar”. “Vim aqui para falar da soberania nacional, da integração latino-americana, do fortalecimento do Mercosul, contra os desmanches dos direitos trabalhistas. Vim aqui falar da esperança e dos sonhos que tanto batem na cabeça da nossa juventude, pessoas que querem construir uma família…”.

Ao falar sobre os problemas setoriais do país, como a Educação, Lula criticou o atual governo. “Nenhum país conseguiu se desenvolver sem investir em educação. A elite do país é tão hipócrita que chama a educação de gasto”.

Ao falar de candidatos, Lula atacou “o candidato que a Rede Globo tenta inventar num caldeirão”, referindo-se ao apresentador Luciano Huck. “Quem está acostumado a trabalhar em caldeirão, conversa com a direita, conversa com a esquerda”.

Convicto em suas declarações, Lula ainda debochou dos “adversários”. “Quando a direita busca qualquer candidato, menos o Lula. Aí eu penso: p*** eu sou bom mesmo”.

O ato foi finalizado seguindo com uma caminhada pelo centro da capital gaúcha.

Julgamento

O julgamento do recurso apresentado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no processo do triplex em Guarujá será realizado às 8h30 do dia 24 de janeiro de 2018, na sede do TRF-4, em Porto Alegre.

A apelação será analisada pelos desembargadores João Pedro Gebran Neto, relator da Lava Jato no TRF-4, Leandro Paulsen, que é o revisor, e Victor Luiz dos Santos Laus. Eles integram a 8ª Turma do Tribunal Regional da 4ª Região.

Em julho, Lula foi condenado pelo juiz Sergio Moro, responsável pela Lava Jato na primeira instância, a 9 anos e 6 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo envolvendo o triplex.

De acordo com a denúncia, a OAS pagou R$ 3,7 milhões em propina a Lula por meio da entrega e reforma do imóvel, além do armazenamento do acervo presidencial. Lula foi absolvido da acusação sobre o armazenamento. O ex-presidente nega ser dono do imóvel.

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