(Foto: Wikimedia commons/DFID - UK Department for International Development)

Em novembro de 1904, na cidade do Rio de Janeiro, uma enorme revolta popular tomou conta das ruas cariocas. A população mais carente da cidade foi até o Palácio do Catete revoltada exigir o término da vacinação obrigatória contra a varíola.

Na época, as pessoas entraram em pânico ao ver agentes sanitários invadindo suas casas para aplicar as doses, pensando que o remédio era, na verdade, veneno.

Cem anos depois, após a erradicação da varíola, grupos de pais preocupados com os efeitos da vacinação em seus filhos pararam, em segredo, de dar as doses recomendadas a eles. Muitos estão preocupados com supostos efeitos colaterais que possam comprometer a saúde das crianças.

Reunidos em grupos de Facebook que, segundo reportagem do Estadão, contém mais de 13,2 mil pessoas, os pais trocam posts de blogs relatando, sem base científica, problemas provenientes da vacinação. Um dos mais populares é a ideia de que algumas das vacinas contríbuam para o desenvolvimento de autismo.

“Um dos motivos principais para a existência desses grupos [antivacinistas] é o medo de eventos adversos. E a grande maioria desses temores são absolutamente infundados” explica à GALILEU o infectologista Guido Levi, da Sociedade Brasileira de Imunização e autor do livro Recusa de Vacinas – Causas e Consequências.

Segundo ele, o médico britânico Andrew Wakefield foi grande responsável pela repercussão dessas ideias. Wakefield publicou um estudo relacionando a vacina tríplice viral (contra caxumba, rubeóla e sarampo) ao surgimento de autismo em crianças.

Pesquisas posteriores mostraram, porém, que os resultados obtidos pelo inglês eram completamente falsos. “Foi a primeria vez que a revista Lancet [conceituado periódico médico] pediu a retirada de um trabalho de seus anais. Os participantes da pesquisa quiseram ter seus nomes retirados e Wakefield foi condenado pelo conselho de ética britânico. Mas o estrago já estava feito”, conta o médico.

Levi explica que além de proteção individual, a vacinação é um dever social. “Se toda a população estiver vacinada, a doença é extinta. Agora se tiver 5% da população sem a vacina, a quantidade de pessoas vai crescendo, afetando gente que nunca recusou a vacina mas acaba infectada por ainda não ter se vacinado”.

Para o infectologista, a vacina é vítima de seu próprio sucesso. “Hoje em dia, doenças terríveis como o sarampo e a poliomelite são pouco vistas, ninguém quase tem contato. Diferente de antigamente, antes delas serem erradicadas, quando tínhamos muito medo de sermos contaminados por elas. As pessoas acabam não valorizando o poder da vacina” conclui Levi.

 

Fonte: G1

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